terça-feira, 17 de maio de 2022

 



Quando o Regime ordenou que queimassem em público

Os livros de saber nocivo, e por toda a parte

Os bois foram forçados a puxar carroças

Carregadas de livros para a fogueira, um poeta

Expulso, um dos melhores, ao estudar a lista

Dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus

Livros tinham sido esquecidos. Correu para a secretária

Alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder.

Queima-me! escreveu com pena veloz, queima-me!

Não me façais isso! Não me deixes de fora! Não disse eu

Sempre a verdade nos meus livros? E agora

Tratais-me como um mentiroso! Ordeno-vos:

Queimai-me!


"A Queima dos Livros", de Bertolt Brecht, no livro Poemas 1913-1956.