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quinta-feira, 21 de julho de 2011



Se me é negado o amor, por que, então, amanhece;
por que sussurra o vento do sul entre as folhas recém nascidas?
Se me é negado o amor, por que, então,
A noite entristece com nostálgico silêncio as estrelas?
E por que este desatinado coração continua,
Esperançado e louco, olhando o mar infinito?


Rabindranat Tagore

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Charles Edward Perugini 

Vim a ti para que me toques com tua mão,
antes de eu começar meu dia.
Deixa que teus olhos repousem um momento nos meus.
Caro amigo,
deixa que eu leve ao meu trabalho a certeza de tua amizade.
Enche minha mente com tua música,
e que ela permaneça em meio ao deserto dos ruídos.
Que o sol de teu Amor beije o ápice de meus pensamentos
e se atrase no vale da minha vida,
onde amadurece minha colheita.


Rabindranat Tagore

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Flor de lótus



No dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.
Somente agora e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente no verão, procurando completar-se.
Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim
Que ela era minha, e que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado no fundo do meu coração.

Rabindranat Tagore

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Colheita (Parte 25)


Christian Schloe - Austrian Surrealist Digital painter 




O pássaro da manhã já está cantando. Quem é que lhe traz as notícias do dia antes que desponte o amanhecer, quando o dragão da noite ainda mantém o céu preso em suas escuras e frias espirais?

Pássaro da manhã, conta-me como foi que o mensageiro do Oriente encontrou o caminho para chegar ao teu sonho, em meio à dupla noite do céu e das folhas?

O mundo não acreditou quando gritaste: "A noite se foi! O sol está chegando!".

Desperta, ó tu que dormes! Descobre tua fronte, esperando a primeira bênção da luz e, cheio de alegre fé, canta junto com o pássaro da manhã.

Rabindranath Tagore

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Se não falas, vou encher o meu coração




Se não falas, vou encher o meu coração
Com o teu silêncio, e agüentá-lo.
Ficarei quieto, esperando, como a noite
Em sua vigília estrelada,
Com a cabeça pacientemente inclinada.
A manhã certamente virá,
A escuridão se dissipará, e a tua voz
Se derramará em torrentes douradas por todo o céu.
Então as tuas palavras voarão
Em canções de cada ninho dos meus pássaros,
E as tuas melodias brotarão
Em flores por todos os recantos da minha floresta.


Tagore

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Desejo


Desejo dizer-lhe as palavras mais profundas, mas não me atrevo, porque temo sua gozação. Por isso acho graça de mim mesmo e transformo em brincadeira meu segredo.
Duvido de minha angústia, para que você não duvide.
Desejo dizer-lhe as palavras mais sinceras, mas não me atrevo, porque temo que não acredite. Por isso as disfarço de mentiras e digo o contrário do que penso.
Me esforço para que minha angústia não pareça absurda para que você não ache que é.
Desejo dizer-lhe as palavras mais valiosas, mas não me atrevo, porque temo não ser correspondido. Por isso me declaro duramente e me orgulho de minha insensibilidade.
Desejo sentar-me silenciosamente a seu lado, mas não me atrevo, porque temo que meus lábios traiam meu coração. Por isso falo disparatadamente, escondendo meu coração atrás das minhas palavras.
Trato a mim mesmo com dureza, para que você não o faça.
Desejo separar-me de você, mas não me atrevo, porque temo que descubra minha covardia. Por isso levanto a cabeça e fico perto de você com ar indiferente.
A constante provocação de nossos olhares remove minha angústia sem piedade.



Rabindranat Tagore

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Não! Não cabe a ti abrir os botões

 

Não! Não cabe a ti abrir os botões e fazê-los desabrochar! Podes balançar o botão e até bater nele... Está além de teu poder fazê-lo florescer! O teu toque apenas murcha e rasga as tuas pétalas. Fazendo-as cair em pedaços no chão. E então nenhuma cor se revela, e nenhum perfume se faz sentir.

Sim, não cabe a ti abrir o botão e fazê-lo desabrochar...

Aquele que pode abrir o botão realiza a sua tarefa de modo tão simples! Ele olha-o de relance, e a seiva da vida corre-lhe nas veias; ao seu sopro a flor abre as suas asas e esvoaça ao sabor do vento; e então as cores despontam na flor como anseios do coração, e o seu perfume trai um suave segredo.

Aquele que pode abrir o botão realiza a sua tarefa de modo tão simples...


Rabindranat Tagore (1991, p.19)
do livro A Colheita

domingo, 21 de junho de 2009

Paixão Secreta


Acordei com os primeiros pássaros,
já minha lâmpada morria.
Fui até à janela aberta e sentei-me,
com uma grinalda fresca
nos cabelos desatados...
Ele vinha pelo caminho
na névoa cor de rosa da manhã.
Trazia ao pescoço
uma cadeia de pérolas
e o sol batia-lhe na fronte.
Parou à minha porta
e disse-me ansioso:
— Onde está ela?
Tive vergonha de lhe dizer:
— Sou eu, belo caminhante,
sou eu.

Anoitecia
e ainda não tinham acendido as luzes.
Eu atava o cabelo, desconsolada.
Ele chegava no seu carro
todo vermelho, aceso pelo sol poente.
Trazia o fato cheio de poeira.
Fervia a espuma
na boca anelante dos seus cavalos...
Desceu à minha porta
e disse-me com voz cansada:
— Onde está ela?
Tive vergonha de lhe dizer:
— Sou eu, fatigado caminhante,
sou eu.

Noite de Abril.
A lâmpada arde neste meu quarto
que a brisa do Sul
enche suavemente.
O papagaio palrador
dorme na sua gaiola.
O meu vestido é azul
como o pescoço dum pavão,
e o manto verde como a erva nova.
Sentada no chão, perto da janela,
olho a rua deserta ...
Passa a noite escura

e não me canso de cantar:
— Sou eu, caminhante sem esperança,
sou eu.


Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões

sábado, 25 de abril de 2009


Se me é negado o amor, por que, então, amanhece;
por que sussurra o vento do sul entre as folhas recém nascidas?
Se me é negado o amor, por que, então,
A noite entristece com nostálgico silêncio as estrelas?
E por que este desatinado coração continua,
Esperançado e louco, olhando o mar infinito?

Rabindranath Tagore