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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Derretendo o gelo

@ Eldar Aliev



As palavras morrem na porta da garganta e não saem. A mão caminha à procura de um afago ou de uma outra mão, mas não chega a lugar nenhum. Pensamos em  tomar uma atitude, mas não tomamos. Medo de rejeição. Medo do não, que doeria mais que uma bofetada.

A barreira invisível que nos separa das pessoas que mais amamos se transforma em gelo com o passar dos anos. Geralmente começa na infância, onde as manifestações de carinho são dadas através de outras coisas que beijos abraços e eu te amo. O amor existe, ele está lá, indubitavelmente, mas ele se apresenta de outras maneiras. Quem nunca teve um tio, pai, mãe ou parente que sabe que ama, mas que não consegue dar um abraço caloroso porque alguma coisa impede essa aproximação? Isso acontece mesmo entre irmãos.

O pior é quando tomamos a atitude de romper essa barreira e a outra pessoa se torna uma estátua de gelo nos nossos braços, sem saber o que fazer. O sentimento de rejeição que sentimos, ainda que rejeição não seja, pode desmoronar nossa decisão de ter dado um passo à frente. É necessário muito amor para olhar nos olhos dessa pessoa e dizer que você gosta dela, mesmo se esse sentimento é claro e evidente. É necessário dar à outra pessoa o tempo necessário para se acostumar e se moldar a esse novo modo de vida, essa nova maneira de ser.

É simples! Para se derreter o gelo, nada melhor que o calor. Não, talvez seja óbvio, mas simples não é. Não na vida, não com os sentimentos. Não existe fósforo e nem isqueiro emocional. Há um coração e é dele que precisa surgir a primeira chama. Só dele pode emanar calor suficiente para derreter o gelo da indiferença, para derrubar a barreira que nos impede de estar mais próximos das pessoas, principalmente daquelas que amamos e sabemos que nos amam, mesmo se não expressam isso com gestos e palavras carinhosas.

É sabido de todos que o calor derrete gelo, certo, mas da maneira certa. E se não derreter, é porque não era gelo, era pedra mesmo.

Quando você estiver com alguém que você ama e que te ama e seu coração acelerado te disser para transformar em gestos o que você sente por essa pessoa, não tenha medo. E não espere receber retorno imediato, não fique decepcionado se a pessoa ficar "em estado de choque." Dê a ela o tempo de se acostumar, olhe em seus olhos e em outras oportunidades, tente novamente.

Com o tempo você vai sentir que o gelo começa a derreter-se e que a pessoa se abandona, talvez ainda seus braços te cerquem e te apertem. Talvez até lágrimas surjam, mas serão lágrimas de felicidade.

E se depois de ler tudo isso, você perceber que é a pessoa que está do outro lado, não pense que é anormal. Somos todos a conseqüência de uma educação. Deixa-te envolver pelo calor que te invade e você vai perceber que de você mesmo vai emanar o carinho que poderá mudar tudo ao seu redor.



Letícia Thompson

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Cilada




Quando o dia amanhece
Preguiçoso, sem pressa,
É meu coração que se apressa
Com a simples lembrança tua.
Quem sabe não sonhas comigo,
Não me desejas
Nesse sono que nunca chega?!
Quem sabe, dormindo,
Teus lábios não sorriem
Cheios de mistério?
Quem sabe teu rosto iluminado
Não me procura ao teu lado
E num gesto impensado
Não beijas o travesseiro?!
Ah!...
O dia chega de mansinho
E encontrastes no meu peito um ninho
Onde se repousar,
Me confortar...
Ah!...
Sou eu quem sorrio
Pro nada!...
A vida me pregou uma peça!...
E amo estar nessa cilada
E na madrugada calada
Sonhar que estás comigo
E me surpreender,
Quando me refaço,
De ter um travsseiro entre os braços!...


Letícia Thompson

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Inspiração

Paolo Scarano 


Suspiro.
O pensamento vai longe.
A idéia surge.
Saudade.
Procuro uma caneta
para rabiscar o que penso.
Penso em você.
Inspiração.
Sai um poema.


Letícia Thompson

segunda-feira, 11 de abril de 2011

De coração pra coração

by_elenadudina

O que separa corações não é a distância, é a indiferença.
Há pessoas juntas estando separadas por milhares de quilômetros
e outras separadas vivendo lado-a-lado.
Muitas vezes nos importamos com o que acontece no mundo,
nos sensibilizamos e pensamos até em fazer alguma coisa,
mas nos esquecemos do que se passa ao nosso lado,
na nossa casa, na nossa família e mesmo na vizinhança.
Colocamos, sem querer, barreiras entre os corações que nos cercam.
A indiferença mata lentamente, anula qualquer sentimento;
e assim criamos distâncias quando estamos tão próximos.
As pessoas se habituam tanto àquelas que convivem com elas
que elas passam a não notá-las mais, a não dar mais importância.
Mas, se quisermos transformar o mundo,
comecemos por transformar a nós mesmos.
Se quisermos entrar em combates para melhorar algo para o futuro,
que esse combate comece dentro da nossa própria casa.
Precisamos olhar os que estão ao nosso lado sempre com olhos novos.
Comunicar mais, destruir mais barreiras e construir mais pontes.
Precisamos nos dar de coração a coração.
A melhor maneira de acabar com a indiferença de uma pessoa em relação a nós é amá-la.
O amor transforma tudo.
Não permita que pessoas ao seu lado morram de solidão!
Não permita que elas sintam-se melhor fora de casa que dentro dela!
Dê atenção, dê do seu próprio tempo!
Comunique-se!
Assista menos televisão e converse mais.
Riam juntos.
Há quanto tempo você não diz para a pessoa que vive ao seu lado que gosta dela?
A gente não recupera tempo perdido.
Mas podemos decidir não perder mais.
Vamos amar os corações que nos cercam
e tentar alcançar novamente aqueles que se distanciaram.
Há sempre tempo para se amar.
E se não houvesse, o próprio amor seria capaz de inventar.


Letícia Thompson

domingo, 6 de março de 2011

Confidências

Perle de Mer, de Hélène Béland

Vou contar ao mar do meu amor.
Vou dizer ao vento
O quanto em você penso
E vou pedir
Que te diga da minha saudade.

Vou pedir ainda,
Que ele toque em você
Que te acaricie
Com seus dedos invisíveis
Pra me trazer após
Um pouco do seu perfume.

E quando ele voltar,
Vou fechar os olhos
Pra imaginar
Que você está aqui.

Vou esperar depois
Que as ondas me contem de você,
Que me digam seus dias
E a expressão dos seus olhos...
E se em algum momento
Pensa um pouquinho em mim...

Ai vou me sentar nas pedras,
Feito adolescente,
Olhos fixos no horizonte,
Peito cerrado,
Cheio de esperança
De ver você chegar.


Letícia Thompson

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Ciclo



Manhã.
Amanhecer,
Alvorecer,
Saudade...
Você

Tarde.
Entardecer,
Entristecer,
Saudade...
Você..

Noite.
Anoitecer,
Escrever.
Que saudade!
Não veio você...


Letícia Thompson

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Artimanhas

a-heaven-for-two-dorina-costras


Eu poderia ter sido o vento
Ou ter tocado sua alma,
Poderia ter vindo de dentro
Pra te bulir, te fazer reagir,
Poderia, talvez,
Ter amado mais,
Se amar mais fosse possível.
Poderia ter sido o anjo esperado
Ou o amor manhoso
Que te tirasse dessa inércia,
Desse estado doloroso.
Mas sendo eu uma brisa,
Tão longe,
Sem as asas de um anjo,
O que me sobra é o amor,
Que, astucioso,
Cheio de artimanhas,
Possa talvez te devolver
O sol de uma nova manhã.


Letícia Thompson

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Saudades



Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades…
Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei…
Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser…
Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro…

Letícia Thompson

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Efêmero


Se pudéssemos ter consciência
do quanto nossa vida é efêmera,
talvez pensássemos duas vezes antes de jogar fora
as oportunidades que temos de ser
e de fazer os outros felizes.
Muitas flores são colhidas cedo demais.
Algumas, mesmo ainda em botão.
Há sementes que nunca brotam e há aquelas flores
que vivem a vida inteira até que, pétala por pétala,
tranqüilas, vividas, se entregam ao vento.
Mas a gente não sabe adivinhar.
A gente não sabe por quanto tempo
estará enfeitando esse Éden e tampouco
aquelas flores que foram plantadas ao nosso redor.
E descuidamos. Cuidamos pouco. De nós, dos outros.

Nos entristecemos por coisas pequenas
e perdemos minutos e horas preciosos.
Perdemos dias, às vezes anos.
Nos calamos quando deveríamos falar;
falamos demais quando deveríamos ficar em silêncio.
Não damos o abraço que tanto nossa alma pede
porque algo em nós impede essa aproximação.
Não damos um beijo carinhoso
"porque não estamos acostumados com isso"
e não dizemos que gostamos
porque achamos que o outro sabe
automaticamente o que sentimos.

E passa a noite e chega o dia,
o sol nasce e adormece e continuamos os mesmos,
fechados em nós.
Reclamamos do que não temos,
ou achamos que não temos suficiente.
Cobramos. Dos outros. Da vida. De nós mesmos.
Nos consumimos.
Costumamos comparar nossas vidas
com as daqueles que possuem mais que a gente.
E se experimentássemos nos comparar
com aqueles que possuem menos?
Isso faria uma grande diferença!
E o tempo passa...

Passamos pela vida, não vivemos.
Sobrevivemos, porque não sabemos fazer outra coisa.
Até que, inesperadamente,
acordamos e olhamos pra trás.
E então nos perguntamos: e agora?
Agora, hoje, ainda é tempo de reconstruir
alguma coisa, de dar o abraço amigo,
de dizer uma palavra carinhosa,
de agradecer pelo que temos.
Nunca se é velho demais ou jovem demais
para amar, dizer uma palavra gentil
ou fazer um gesto carinhoso.
Não olhe para trás.
O que passou, passou. O que perdemos, perdemos.
Olhe para frente!
Ainda é tempo de apreciar as flores
que estão inteiras ao nosso redor.
Ainda é tempo de voltar-se para Deus
e agradecer pela vida,
que mesmo efêmera, ainda está em nós.
Pense!...Não o perca mais!..."

Letícia Thompson

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A gravidez da amizade

vicente romero

Toda amizade é uma história particular. É uma história de conquista.

Primeiro, descobre-se o outro. Todo mundo parece igual, mas não é. E é justamente essa coisinha diferente em cada um que torna cada pessoa única. E de repente ali está a sementinha da amizade fecundada. A gestação começa.

São pedacinhos de nós que vão ficando nas conversas e pedacinhos do coração do outro que vão caminhando pra dentro da gente. Há os risos e os sorrisos, a partilha de coisas simples ou de coisas importantes. As descobertas, cheias de surpresas muitas vezes. A voz calada que pensa, não diz nada... adivinha!...

Fazemos idéia imediata de uma pessoa ao primeiro contato. Julgamos? Talvez. E só os próximos dias, horas ou instantes vão nos dizer se julgamos certo. Acontece de nos termos enganado em certos pontos e quantas vezes não bendizemos isso! Claro que ninguém gosta de estar enganado. Mas quando descobrimos um palhacinho por detrás de uma pessoa séria e reservada é maravilhoso saber que pudemos nos enganar. Se todos os enganos fossem assim abençoados!...

A sensibilidade do outro nos toca. Dá até vontade de chorar. Não sabemos direito o porquê de nos sentirmos próximos de alguém assim tão longe, tão diferente e tão igual. Mas amizade, como o amor, não se questiona. Vive-se. Dela e pra ela.

É preciso dar tempo ao tempo para se saber cativar e ser cativado. Quando saímos às pressas sempre temos o risco de deixar alguma coisa esquecida. Mas se tomamos o tempo de olhar bem, refletir, conversar, conversar e conversar... e rir e brincar e ficar em silêncio!... Se deixamos que essa flor nasça cuidadosa e docemente... aos poucos ela vai vendo a luz do dia. Maravilhando-se. Contemplando o outro com novos olhos, ou nova maneira de olhar. Tudo vira encanto!

Que o outro ria de mim ou pra mim, mas que ria! Gargalhe, faça festa!... Que eu seja nem que seja por um pouco responsável por esse rosto iluminado, por essa vontade de viver e de ver o que virá depois.

Bendita seja essa gestação amiga! Sem prazo, sem tempo, sem hora marcada! Bendita seja essa amizade, prova de que Deus se faz conhecer através das pessoas que alcançam nosso coração.


Letícia Thompson