Mostrando postagens com marcador Josefina Plá. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Josefina Plá. Mostrar todas as postagens

domingo, 29 de abril de 2012

Biografía

imagem: Haleh Bryan


Seguí el camino al que me echaron
dormí en la cama que me dieron
me lavé la cara en las lluvias
de las tormentas que vinieron
comí un pan hecho con la harina
que mis propios huesos molieron
y bebí el agua de azul frío
del pozo vuelto que es el cielo.

Siguiendo el croquis del tesoro
En el baúl del bucanero
llegué al jardín de la ceniza
para saber que soy correo
de algún secreto ya borrado
de no sé cuál caduco pliego
polvoso mensajero errado
sin otra opción que su regreso.


*****

BIOGRAFIA

Segui o caminho em que me lançaram
dormi na cama que me deram
lavei o rosto nas chuvas
das tormentas que vieram
comi um pão feito com a farinha
que meus próprios ossos moeram
e bebi água do azul frio
do poço inverso que é o céu.

Seguindo o croquis do tesouro
No baú do bucaneiro
cheguei ao jardim das cinzas
para saber que sou correio
de algum segredo já extinto
de não sei qual caduca folha
poeirento mensageiro errado
sem outra opção que seu retorno.


Josefina Plá

quinta-feira, 26 de abril de 2012



Ao descascar a palavra esperança encontrei polpa de maçã
e caroço de pedra.
Ao descascar a palavra amor achei pele de pêssego
e carne de cinza.
Ao descascar a palavra verdade, encheu as minhas mãos
e ao chegar à minha boca não existia


Josefina Plá

quinta-feira, 22 de março de 2012

Zina Vasileva


A quem deixar o meu guarda-roupa oculto
o guarda-roupa fantasma
de todos os vestidos
que tive e que me abandonaram
os vestidos
que nunca tive e que vesti em segredo

O vestido que veio demasiado cedo
e que nunca me caiu bem

O vestido
que chegou já tarde
para ir à festa
quando eu já tinha adormecido

O vestido de criança
tão igual ao vestido
da primeira boneca

O da menina com o corpete já estreito
que apertava os seios doendo-lhe em casulo

O da adolescente que pressentia o homem
ladrão de túnicas na sesta sufocante

O vestido esquecido
da mulher que sob a sombra
do homem eclipse ocultou-se uma noite
e amanheceu como a lua cheia
surpreendida pela luz na metade do céu

O vestido de guerra rasgado
como bandeira
da mãe partida em dois
para sentir-se inteira

O vestido de luto que não levei para os meus
mortos que ainda vivem

Os vestidos que alguém me emprestou para sonhar

Quando chegar a morte também será um vestido
que não verei porque estarei a dormir.


Josefina Plá

quarta-feira, 14 de março de 2012

El amor realizado


imagem: tony duran

El amor realizado es un sorbo de muerte
que nos pasa los labios, que se filtra en las venas.
El alma que nos cambia es más ancha y vacía:
más triste y más sedienta, la boca que nos deja.

Dentro del corazón, alárgase una sombra
cada vez que los labios su antiguo vaso llenan.
El amor realizado aguza en nuestros ojos
del imposible anhelo la trémula saeta,
y es paso que prolonga, en cruel hechizo mágico,
ante la planta laxa la cansadora meta...

Amor: perfecto guía para ir al encuentro
del dolor apostado al fin de cada senda...


Josefina Plá

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Tiempo vestido de mujer

Kemal Kamil 




Yo no tuve otro viático
que mi ansiedad de cielos
mi furia por vivir

y ver la espalda esquiva de los sueños
mi ciego anhelo de perder
mi cuerpo
en otro
cuerpo ciego

Yo no tuve jamás sino esa sed
yesca oculta de todos los incendios
en ansia
de alcanzar mis raíces descolgándose adentro
desde este corazón que ya consume
en tizón el cansancio del recuerdo
y en que germina oculto
el musgo del silencio.


Josefina Pla
(La llama y la arena, 1987)

****

Já não tive outro viático
que minha ansiedade de céus
minha fúria por viver

e ver as costas esquivas dos sonhos
meu cego anseio de perder
meu corpo
em outro
corpo cego

Nada mais tive que esta sede
isca oculta de todos os incêndios
na ânsia
de alcançar minhas raízes desprende-se dentro
desde este coração que já consome
em tição o cansaço da lembrança
e em que germina oculto
o musgo do silêncio.


domingo, 5 de fevereiro de 2012

Piedad por las palabras

Dimitar Voinov junior


Piedad por las palabras penitentes
que mueren contra la almohada
las palabras caídas como piedras
en el montón que cuenta los pecados
las palabras ahogadas como recién nacido
del cual la madre se avergüenza
las palabras mendigas que jamás han tenido
un vestido decente
para salir al domingo de la vida.

Y aún por la palabra amordazada
que un traje de cemento hundió en aguas oscuras
la palabra final sin sílabas y sin destinatario.


Josefina Plá
(Invención de la muerte, 1965)

Dimitar Voinov junior4

Piedade com as palavras


Piedade com as palavras penitentes
que morrem sobre a almofada
as palavras caídas como pedras
no montão que conta os pecados
as palavras afogadas como recém-nascido
de quem a mãe se envergonha
as palavras mendigas que jamais tiveram
um vestido decente
para sair no domingo da vida

E também pela palavra amordaçada
que um vestido de cimento afundou nas águas escuras
a palavra final sem sílabas e sem destinatário


Tradução de Antonio Miranda