Mostrando postagens com marcador Juan Ramón Jiménez. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Juan Ramón Jiménez. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A Mulher Nua

Arthur Braginsky


Humana fonte bela, 
 repuxo de delícia entre as coisas, 
 terna, suave água redonda, 
 mulher nua: um dia, 
 deixarei de te ver, 
 e terás de ficar 
 sem estes assombrados olhos meus, 
 que completavam tua beleza plena, 
 com a insaciável plenitude do seu olhar? 

 (Estios; verdes frondas, 
 águas entre as flores,
 luas alegres sobre o corpo, 
 calor e amor, mulher nua!) 

 Limite exato da vida, 
 perfeito continente, 
 harmonia formada, único fim, 
 definição real da beleza, 
 mulher nua: um dia, 
 quebrar-se-á a minha linha de homem, 
 terei que difundir-me 
 na natureza abstrata; 
 não serei nada para ti, 
 árvore universal de folhas perenes, 
 concreta eternidade! 


 Juan Ramón Jiménez

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Solidão

imagem:  João Espinho


Estás todo em ti, mar, e, todavia,
como sem ti estás, que solitário,
que distante, sempre, de ti mesmo!

Aberto em mil feridas, cada instante,
qual minha fronte,
tuas ondas, como os meus pensamentos,
vão e vêm, vão e vêm,
beijando-se, afastando-se,
num eterno conhecer-se,
mar, e desconhecer-se.

És tu e não o sabes,
pulsa-te o coração e não o sente...
Que plenitude de solidão, mar solitário!


Juan Ramón Jiménez

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Eu não voltarei

carlos-oviedo


Eu não voltarei. E a noite
morna, serena, calada,
adormecerá tudo, sob
sua lua solitária.
Meu corpo estará ausente,
e pela janela alta
entrará a brisa fresca
a perguntar por minha alma.

Ignoro se alguém me aguarda
de ausência tão prolongada,
ou beija a minha lembrança
entre carícias e lágrimas.

Mas haverá estrelas, flores
e suspiros e esperanças,
e amor nas alamedas,
sob a sombra das ramagens.

E tocará esse piano
como nesta noite plácida,
não havendo quem o escute,
a pensar, nesta varanda.


Juan Ramón Jiménez

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Charles Amable Lenoir 


Está tão puro já meu coração,
que é o mesmo que morra
ou cante.

Juan Ramón Jiménez

terça-feira, 19 de julho de 2011




Vino, primero, pura,
vestida de inocencia.
Y la amé como un niño.
Luego se fue vistiendo
de no sé qué ropajes.
Y la fui odiando sin saberlo.
Llegó a ser una reina,
fastuosa de tesoros...
¡Qué iracundia de yel y sin sentido!
...Mas se fue desnudando.
Y yo le sonreía.
Se quedó con la túnica
de su inocencia antigua.
Creí de nuevo en ella.
Y se quitó la túnica
y apareció desnuda toda...
¡Oh pasión de mi vida, poesía
desnuda, mía para siempre!


Juan Ramón Jiménez

sexta-feira, 15 de julho de 2011

A Cor da Tua Alma



Enquanto eu te beijo, o seu rumor
nos dá a árvore, que se agita ao sol de ouro
que o sol lhe dá ao fugir, fugaz tesouro
da árvore que é a árvore de meu amor.

Não é fulgor, não é ardor, não é primor
o que me dá de ti o que te adoro,
com a luz que se afasta; é o ouro, o ouro,
é o ouro feito sombra: a tua cor.

A cor de tua alma; pois teus olhos
vão-se tornando nela, e à medida
que o sol troca por seus rubros seus ouros,
e tu te fazes pálida e fundida,
sai o ouro feito tu de teus dois olhos
que me são paz, fé, sol: a minha vida!


Juan Ramón Jiménez

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Pavilhão

by Yuri Bonder


Muros altos de teu corpo.
Não havia entrada em teu horto.

(Que onda de asas ascendia!
Oh o que ali se passaria!)

Céu claro ou turvo, que importa?
Não havia entrada em tua glória.

(Que arona às vezes subia!
Oh em teus vergéis que haveria?)

Tornaste a ficar fechada.
Não haveria em tua alma entrada!


Juan Ramón Jiménez

terça-feira, 12 de abril de 2011

by Jan Deichner

Eu não voltarei. E a noite
morna, serena, calada,
adormecerá tudo, sob
sua lua solitária.
Meu corpo estará ausente,
e pela janela alta
entrará a brisa fresca
a perguntar por minha alma.

Ignoro se alguém me aguarda
de ausência tão prolongada,
ou beija a minha lembrança
entre carícias e lágrimas.

Mas haverá estrelas, flores
e suspiros e esperanças,
e amor nas alamedas,
sob a sombra das ramagens.

E tocará esse piano
como nesta noite plácida,
não havendo quem o escute,
a pensar, nesta varanda.

Juan Ramón Jiménez

quinta-feira, 15 de abril de 2010




Inflama-me, poente: faz-me perfume e chama;
que o meu coração seja igual a ti, poente!
descobre em mim o eterno, o que arde, o que ama,
…e o vento do esquecimento arraste o que é doente!

Juan Ramón Jiménez

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A única rosa

Duma Arantes


Todas as rosas são a mesma rosa,
Amor, a única rosa.

E tudo está contido nela,

Breve imagem do mundo,
Amar! A única rosa.



Juan Ramón Jiménez,