Tocai, tocai, ó flautas que ninguém ouve.
Silenciosas palavras que vos impregnais de eternidade:
falai ao nosso espírito.
Que carícia inesperada, que doçura tímida
nos pensamentos de jamais que ora regressam de ignorados ermos!
(Por que esta paisagem não se transfigura como se não houvesse tempo?)
Tocai, tocai, ó flautas que ainda guardais os velhos ritmos
de doces e antigas árias: tocai, tocai, de novo,
tocai até que a noite
seja apenas o antigamente
de vossa aérea e solitária música.
Emílio Moura