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sexta-feira, 8 de março de 2024


 ..não ser outra pessoa a não ser você mesmo, num mundo em que, dia e noite, faz todo o possível para que você seja outro,  significa travar ininterruptamente a mais árdua batalha que um ser humano pode travar. 

e.e. cummings.

sábado, 19 de outubro de 2013



pode nem sempre ser assim; e eu digo
que se os teus lábios, que amei, tocarem
os de outro, e os teus dedos fortes e meigos cingirem
o seu coração, como o meu em tempos não muito distantes;
se na face de outro os teus suaves cabelos repousarem
nesse silêncio que eu sei, ou nessas
palavras sublimes e estremecidas que, dizendo demasiado
ficam desamparadamente diante do espírito vozeando;


se assim for, eu digo se assim for –
tu do meu coração, manda-me um recado;
que eu posso ir junto dele, e tomar as suas mãos,
dizendo, Aceita toda a felicidade de mim.
Então hei-de voltar a cara, e ouvir um pássaro
cantar terrivelmente longe nas terras perdidas.


e. e. Cummings

quinta-feira, 31 de maio de 2012

O Primeiro de Todos os Meus Sonhos

Brita Seifert



o primeiro de todos os meus sonhos era sobre
um amante e o seu único amor,
caminhando devagar(pensamento no pensamento)
por alguma verde misteriosa terra

até o meu segundo sonho começar—
o céu é agreste de folhas;que dançam
e dançando arrebatam(e arrebatando rodopiam
sobre um rapaz e uma rapariga que se assustam)

mas essa mera fúria cedo se tornou
silêncio:em mais vasto sempre quem
dois pequeninos seres dormem(bonecas lado a lado)
imóveis sob a mágica

para sempre caindo neve.
E então este sonhador chorou:e então
ela rapidamente sonhou um sonho de primavera
—onde tu e eu estamos a florescer


e.e. Cummings, in "livrodepoemas"
Tradução de Cecília Rego Pinheiro

terça-feira, 17 de abril de 2012



maggie and milly and molly and may
went down to the beach (to play one day)

and maggie discovered a shell that sang
so sweetly she couldn't remember her troubles, and

milly befriended a stranded star
whose rays five languid fingers were;

and molly was chased by a horrible thing
which raced sideways while blowing bubbles: and

may came home with a smooth round stone
as small as a world and as large as alone.

For whatever we lose (like a you or a me)
it's always ourselves we find in the sea


e. e. cummings

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A Função do Amor é Fabricar Desconhecimento

Federica Erra


a função do amor é fabricar desconhecimento

(o conhecido não tem desejo; mas todo o amor é desejar)
embora se viva às avessas, o idêntico sufoque o uno
a verdade se confunda com o fato, os peixes se gabem de pescar

e os homens sejam apanhados pelos vermes (o amor pode não se
importar
se o tempo troteia,a luz declina, os limites vergam
nem se maravilhar se um pensamento pesa como uma estrela
—o medo tem morte menor; e viverá menos quando a morte acabar)

que afortunados são os amantes (cujos seres se submetem
ao que esteja para ser descoberto)
cujo ignorante cada respirar se atreve a esconder
mais do que a mais fabulosa sabedoria teme ver

(que riem e choram) que sonham,criam e matam
enquanto o todo se move; e cada parte permanece quieta:


pode não ser sempre assim;e eu digo
que se os teus lábios, que amei,tocarem
os de outro, e os teus ternos fortes dedos aprisionarem
o seu coração, como o meu não há muito tempo;
se no rosto de outro o teu doce cabelo repousar
naquele silêncio que conheço, ou naquelas
grandiosas contorcidas palavras que, dizendo demasiado,
permanecem desamparadamente diante do espírito ausente;

se assim for, eu digo se assim for—
tu do meu coração, manda-me um recado;
para que possa ir até ele, e tomar as suas mãos,
dizendo, Aceita toda a felicidade de mim.
E então voltarei o rosto, e ouvirei um pássaro
cantar terrivelmente longe nas terras perdidas.


e.e. Cummings, in "livrodepoemas"
Tradução de Cecília Rego Pinheiro

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012



Que o meu coração esteja sempre aberto às pequenas
aves que são os segredos da vida
o que quer que cantem é melhor do que conhecer
e se os homens não as ouvem estão velhos
Que o meu pensamento caminhe pelo faminto
e destemido e sedento e servil
e mesmo que seja domingo que eu me engane
pois sempre que os homens têm razão não são jovens
E que eu não faça nada de útil
e te ame muito mais do que verdadeiramente
nunca houve ninguém tão louco que não conseguisse
chamar a si todo o céu com um sorriso


e.e. Cummings

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Anyone lived in a pretty how town



anyone lived in a pretty how town

by e.e. cummings


anyone lived in a pretty how town
(with up so floating many bells down)
spring summer autumn winter
he sang his didn't he danced his did

Women and men (both little and small)
cared for anyone not at all
they sowed their isn't they reaped their same
sun moon stars rain

children guessed (but only a few
and down they forgot as up they grew
autumn winter spring summer)
that noone loved him more by more

when by now and tree by leaf
she laughed his joy she cried his grief
bird by snow and stir by still
anyone's any was all to her

someones married their everyones
laughed their cryings and did their dance
(sleep wake hope and then) they
said their nevers they slept their dream

stars rain sun moon
(and only the snow can begin to explain
how children are apt to forget to remember
with up so floating many bells down)

one day anyone died i guess
(and noone stooped to kiss his face)
busy folk buried them side by side
little by little and was by was

all by all and deep by deep
and more by more they dream their sleep
noone and anyone earth by april
wish by spirit and if by yes.

Women and men (both dong and ding)
summer autumn winter spring
reaped their sowing and went their came
sun moon stars rain

e.e. Cummings

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

ANIMA MCKERTCHER 


um riso sem um
rosto(um olhar
sem um eu)
cuida
do(não to
que)ou
desaparec
erá semru
ído(na doce
terra)&
ninguém
(inclusive nós
mesmos)
relem
brará
(por uma fra
ção de
um mo
mento)onde
o que como
quando
por que qual
quem
(ou qualquer coisa)


e.e. cummings
( tradução: Augusto de Campos )

terça-feira, 5 de julho de 2011

Kate Powell Illustrations

na estrênua brevidade
Vida:
realejos e abril
treva, amigos

eu me lanço rindo.
Nas tintas fio-de-cabelo
da aurora amarela,
no ocaso colorido de mulheres

eu sorrisando
deslizo. Eu
na grande viagem escarlate
nado, dizendomente;

(Você sabe?) o
sim, mundo
é provavelmente feito
de rosas &; alô:

(de atélogos e, cinzas)


(e.e.cummings)
Tradução: Augusto de Campos

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Em algum lugar onde nunca estive


Chelin Sanjuan

n' algum lugar onde nunca estive, alegremente além
de qualquer experiência, teus olhos têm o  seu silêncio:
em teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto

teu olhar mais ligeiro facilmente me descerra
embora eu me tenha me fechado como dedos, n'algum lugar
 me abres sempre, pétala por pétala, como a Primavera abre
(tocando sutilmente, misteriosamente) a sua primeira rosa

ou se quiseres me ver fechado, eu e
minha vida nos fecharemos belamente, de repente,
assim como o coração desta flor imagina
 a neve cuidadosamente  descendo em toda a parte;

nada que eu possa perceber neste universo se iguala
o poder de tua intensa fragilidade; cuja textura
compele-me com a cor de seus continentes
restituindo a  morte e o sempre cada vez que respira

(não sei dizer o que há em ti que  fecha
e abre; só uma parte de mim compreende que a
 voz de teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva, tem as mãos tão pequenas.


e.e. Cummings
tradução: Augusto de Campos


***


somewhere i have never travelled, gladly beyond
any experience,your eyes have their silence:
in your most frail gesture are things which enclose me,
or which i cannot touch because they are too near

your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skilfully, mysteriously)her first rose

or if your wish be to close me, i and
my life will shut very beautifully, suddenly,
as when the heart of this flower imagines
the snow carefully everywhere descending;

nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility:whose texture
compels me with the color of its countries,
rendering death and forever with each breathing

(i do not know what it is about you that closes
and opens; only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody, not even the rain, has such small hands


sexta-feira, 13 de maio de 2011

Eu levo o seu coração comigo

Michael Van Zeyl 

eu levo o seu coração comigo (eu o levo no
meu coração) eu nunca estou sem ele (a qualquer lugar
que eu vá, meu bem, e o que que quer que seja feito
por mim somente é o que você faria, minha querida)
tenho medo
que a minha sina (pois você é a minha sina, minha doçura) eu não quero
nenhum mundo (pois bonita você é meu mundo, minha verdade)
e é você que é o que quer que seja o que a lua signifique
e você é qualquer coisa que um sol vai sempre cantar
aqui está o mais profundo segredo que ninguém sabe
(aqui é a raiz da raiz e o botão do botão
e o céu do céu de uma árvore chamada vida, que cresce
mais alto do que a alma possa esperar ou a mente possa esconder)
e isso é a maravilha que está mantendo as estrelas distantes
eu levo o seu coração ( eu o levo no meu coração)


e.e. cummings

domingo, 17 de outubro de 2010

 John Neil Rodger

agora ar é ar e coisa é coisa:traço 

nenhum da terra celestial seduz
nossos olhos sem ênfase onde luz 

a verdade magnífica do espaço. 

Montanhas são montanhas;céus são céus -
e uma tal liberdade nos aquece
que é como se o universo uno,sem véus, 

total,de nós(somente nós)viesse 

- sim; como se, despertas do torpor
do verão, nossas almas mergulhassem
no branco sono onde se irá depor
toda a curiosidade deste mundo
(com júbilo de amor) imortal e a coragem 

de receber do tempo o sonho mais profundo


e.e.cummings
( tradução: Augusto de Campos )