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quarta-feira, 23 de abril de 2014

aviso prévio




embrutecidos,
estamos equilibrados
na beira do mundo

intolerantes,
balançamos à mercê
das nossas vontades

ou viramos o jogo,
acalmemos os ânimos
e desarmemos os espíritos,
ou a intolerância
nos engolirá a todos
um
por
um


 Ademir Antonio Bacca

terça-feira, 16 de julho de 2013

samy charnine


a poesia
só tem sentido
quando não olha
a vida
pelo espelho
retrovisor


 Ademir Antonio Bacca
do livro “Grito por dentro das palavras”

sábado, 6 de julho de 2013

Cada um por si

 Renso Castaneda


somos feitos
do mesmo tecido,
mas não fomos costurados
pelo mesmo fio

caminhamos
sobre as mesmas pedras,
mas cada um tem suas pontes
para atravessar

somos moldados
do mesmo barro,
mas não vivemos atados
no mesmo nó

somos movidos
pelos mesmos movimentos,
mas cada um sabe da sua dor

fomos tecidos
com o mesmo fio,
mas cada um que desfaça
o seu nó.


Ademir Antonio Bacca

sábado, 29 de junho de 2013

Blowin’ in the wind

andriete le secq 


tenho
tantos
silêncios
amordaçados
em
mim
à
espera
de
que
o
vento
um
dia
me
traga
ao
menos
uma
mísera
resposta


© Ademir Antonio Bacca
do livro “Grito por dentro das palavras”


terça-feira, 9 de abril de 2013

Michelle Fennel Photography

os sonhos
são iguais
às cobras de vidro
: quebram-se
ao menor descuido
mas sobrevivem
com o pedaço
que sobra

a paixão
só se sustenta
inteira


 Ademir Antonio Bacca

domingo, 7 de abril de 2013

Pelo sim pelo não

Haleh Bryan


o poeta
no alto do trapézio
fica de olho no balanço
da corda que vai
                            e vem

e calcula a distância do tombo
até o chão


Ademir Antonio Bacca

quinta-feira, 28 de março de 2013

Artur Demchenko


não atravesso pontes
com a esperança
de que elas me levem
ao fim do arco-íris
e nem para apenas
seguir em frente

tem vezes
que faço a travessia
só para descobrir
o que tem aonde o meu olhar
não alcança


Ademir Antonio Bacca

segunda-feira, 25 de março de 2013

Loteria

Nikola Borissov 


na estação do amor
o trem passa apitando
só de vez em quando...


 Ademir Antonio Bacca

quarta-feira, 20 de março de 2013

Ponto zero



minha imaginação
me leva a lugares
por onde há muito
meus pés não caminham

recorto imagens
das páginas da memória
em manhãs de sol
de um inverno
que não apareceu

sou daqueles
que se alimentam
de lembranças

por isso volto sempre
ao meu ponto de partida


Ademir Antonio Bacca,  “O relógio de Alice”

segunda-feira, 11 de março de 2013

Meu poema III

Marcin Twardowski


meu poema
tem vezes é isca
em águas inquietas
onde teus olhos correm
para lugar nenhum


Ademir Antonio Bacca
do livro “O grito por dentro das palavras”

segunda-feira, 4 de março de 2013

Ninho Marchini


embrutecida,
tem vezes
que a palavra
busca trégua
em boca faminta
de amor
e morre amordaçada


 Ademir Antonio Bacca

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Da falta de respostas

Paolo Scarano



se o teu silêncio grita
por que o poema cala?

se teus olhos
se fazem rio de lágrimas
por que o poema
não naufraga?


© Ademir Antonio Bacca
do livro “O grito por dentro das palavras”

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Meu poema II

José Royo



meu poema
andou no fio da navalha,
voou em trapézios precários
e resistiu enquanto pode

falou quando deixaram
e também quando não se podia falar
e sangrou quando foi inevitável

meu poema
foi cúmplice de olhares
e de tantas palavras
ditas entre lençóis

se entregou a gestos de ternura
e foi violento quando provocado

meu poema
já foi tudo e foi nada

hoje ele só quer se perder
no balaio das tuas palavras


© Ademir Antonio Bacca
do livro “O grito por dentro das palavras”

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Fogo cruzado

douglas hofmann


nenhum tiro
na noite
e tantos sonhos
despedaçados

tem vezes
que a palavra
faz mais estrago
que uma chuva
de balas.


Ademir Antonio Bacca

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

davidov max


cada
poeta
geme
a
sua
dor
com
o
verso
que
lhe
convém


 Ademir Antonio Bacca

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Do deixar acontecer



trem
que sai
sem previsão
de volta
a vida avança
certa
de que chega
a algum lugar

passageiro
sem pressa nenhuma
de chegar
ao seu destino
tem dias
que qualquer trem
serve para levar
meus sonhos
a uma estação
qualquer


Ademir Antonio Bacca
do livro “O grito por dentro das palavras”

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

vogue homotography



amar
nem sempre é zarpar
por águas desconhecidas
e se deixar perder
no mar bravio da paixão

tem vezes
que é muito mais:

é recolher as velas
e esperar
por um novo sopro
de vento

amar,
tem vezes,
é refazer a rota
entre os lençóis



 Ademir Antonio Bacca
do livro “Grito por dentro das palavras”

sexta-feira, 8 de junho de 2012

da melhor lembrança


Joanna Kustra 



 chuva de verão
que se vai apressada
e deixa no ar o cheiro
de terra molhada
de uma infância
que ainda perambula
 pela minha memória

 tempo que se foi
sem sair do lugar

 vida que passou 
voltando teimosamente 
sempre ao seu ponto 
de partida 


 Ademir Antonio Bacca

terça-feira, 5 de junho de 2012

desejo estranho

imagem: MaXu


 misturaram as coisas 
dentro de mim 
deixando-me
um confuso jogo
de luz & sombra 
que se revela 
ora real, ora fantasia, 
mulher de mil faces 
a perturbar um poeta 
de incontáveis medos 

 misturaram as coisas 
dentro de mim 
deixando-me 
um estranho desejo 
de partir 
sem sair do lugar 


 Ademir Antonio Bacca

quinta-feira, 21 de julho de 2011

kepeslap

da fragilidade que me cerca

tudo o que me sustenta
é frágil:

o fio de arame
que me faz a travessia

a paixão
que me costura as horas

tudo o que me consola
é frágil:

os pedaços de lembranças
que me fogem entre os dedos

o abraço que não aquece o sonho
na noite de invernia

só a palavra é forte!


Ademir Antonio Bacca