Jon PAUL |
Como se houvesse uma tempestade
escurecendo os teus cabelos, ou se preferes,
a minha boca nos teus olhos carregada de flor e dos teus dedos;
como se houvesse uma criança cega aos tropeções dentro de ti, eu falei em neve, e tu calavas a voz onde contigo
me perdi.
Como se a noite viesse e te levasse, eu era só fome o que sentia; digo-te adeus, como se não voltasse ao país
onde o teu corpo principia.
Como se houvesse nuvens sobre nuvens, e sobre as nuvens mar perfeito, ou se
preferes, a tua boca clara singrando largamente no meu peito.
Eugénio de Andrade