sábado, 23 de abril de 2022


Fabian Perez


Além, como um rei enamorado, o verão está carregado de

ansiedade e de um vazio inútil. Há gente adolescente na

frescura cansada dos meus olhos. Gente de invisível felicidade, 

repetindo as palavras dos outros, indiferente aos naufrágios 

que ocorrem nos rochedos da alma.

Acordo e sinto-me

estrangeiro, um hóspede, um passageiro

 que viajou sempre para ti. Vivo entre ser pássaro e lugar.

Os trabalhos da paixão são imerecida alegria de uns versos

que buscam outra vida, outra espécie de vida paralela à

carne. O meu amor está cheio de perguntas e de pássaros

que não aprenderam a voar, correndo pelo vento da tarde,

por um chão de caminhos sinuosos.

Agora é tempo de perguntar por mim.


Joaquim Pessoa