quinta-feira, 28 de abril de 2022

Bruno Di Maio


A palavra primavera floresce em nossa boca.

E a palavra mar faz de quem a pronuncia uma ilha encantada.

Quando parto sem palavras, uma tristeza vai comigo

a doer-me no sangue, na raiz da fala e do afecto.

Só elas podem explicar o mistério do amor.

Delas retiro o ouro, o trigo, a fala e a esperança. Nelas 

vivem o tigre e a esmeralda. Delas sopra o vento.

São curandeiras. Feiticeiras. Mensageiras. Deusas.

São o canto da alma e a voz que falta às andorinhas.

E o sorriso do anjo. E a única coisa que Deus não inventou. 

São essas palavras que ficam mudas no coração da gente

para que os beijos possam dizer tudo o que elas não dizem.


 Joaquim Pessoa