sexta-feira, 23 de julho de 2021



 — Uma esteira de espumas... — flores perdidas na vasta indiferença do oceano. — Um punhado de versos... — espumas flutuantes no dorso féro da vida!...

E o que são na verdade estes meus cantos?...

Como as espumas que nascem do mar e do céu, da vaga e do vento, eles são filhos da musa — este sopro do alto; do coração — este pelago da alma.

E como as espumas são, às vezes, a flora sombria da tempestade, eles por vezes rebentaram ao estalar fatídico do latego da desgraça.

E como também o aljofre dourado das espumas reflete as opalas rutilantes do arco-íris, eles por acaso refletiram o prisma fantástico da ventura ou do entusiasmo — estes signos brilhantes da aliança de Deus com a juventude!

Mas, como as espumas flutuantes levam, boiando nas solidões marinhas a lágrima saudosa do marujo... possam eles, ó meus amigos! — efêmeros filhos de minh′alma — levar uma lembrança de mim às vossas plagas!...


Castro Alves