sexta-feira, 5 de abril de 2024

O sonhos de Helena

 


Naquela noite, os sonhos faziam fila, querendo ser sonhados, mas Helena

não podia sonhá-los todos, não dava. Um dos sonhos, desconhecido, se

recomendava:

— Sonhe-me, vale a pena. Sonhe-me, que vai gostar. Faziam fila alguns

sonhos novos, jamais sonhados, mas Helena reconhecia o sonho bobo, que sempre

voltava, esse chato, e outros sonhos cômicos ou sombrios que eram velhos

conhecidos de suas noites voadoras.


Eduardo Galeano, O livro dos abraços