sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Trudy Good

Tinha no bolso esquerdo guardado uma cicatriz. Ali levava outros pormenores que havia acumulado durante a vida. Um brinco esquecido em meu travesseiro. Um apontador de amanhãs. Pequenos objetos, quase todos invisíveis a olho nu. Restos daquilo que a respiração, ao resfolegar, levantou como poeira cósmica. Pequenas anotações feitas a lápis num bloco amarelado pelo por de sol. Rascunhos do tempo. Quase todos apagados da memória. Mas os conservo assim com uma única finalidade. Ando com estas preciosas inutilidades no bolso caso um dia eu te reencontre.

 Carlos Eduardo Leal