domingo, 29 de maio de 2022

Hino



É para ti

que crio os hinos 

e os oceanos

a persistência opaca

da noite

o vício das árvores


Os cabelos pretos 

que desprendo

são para ti que invento

o extinto 

roxo

dos teus lábios


É para ti que crio

o orvalho branco

dos meus espasmos

onde tu és deus 

e eu apenas nua

a dar-te o líquido instinto 

das gargantas


Como os meus seios arqueados 

lua


Maria Teresa Horta, 

In As Palavras do Corpo, 2012