É para ti
que crio os hinos
e os oceanos
a persistência opaca
da noite
o vício das árvores
Os cabelos pretos
que desprendo
são para ti que invento
o extinto
roxo
dos teus lábios
É para ti que crio
o orvalho branco
dos meus espasmos
onde tu és deus
e eu apenas nua
a dar-te o líquido instinto
das gargantas
Como os meus seios arqueados
lua
Maria Teresa Horta,
In As Palavras do Corpo, 2012