sexta-feira, 6 de maio de 2022

Goyo Dominguez


Nasceste de uma costela adolescente que retirei do meu poema.

Guardo de ti, fêmea, um mapa e uma bússola. Um espírito e uma

ideia, uma rara experiência com a verdade. Numa viagem inexis-

tente, num jogo de sedução, encontraram-se os demónios a dis-

cutir depois da chuva. Dores, só as benevolentes, com a ternura

aos pedaços. 

No último delírio do inverno, hei-de ver acender-se um fogo quan-

do se pintar um pássaro no céu. Então, bem o sabes, voltarei pa-

ra te levar para o templo dos anjos improváveis, as criaturas que

não sabem voar e que se esqueceram já do paraíso.


Joaquim Pessoa