quinta-feira, 28 de abril de 2022

 

Diego Dayer 


Do amor fica sempre uma canção.

Fica um sinal na pele. Fica um sinal.

Do amor fica um sim e fica um não.

Fica o sol e a sombra. Fica o sal.


Do amor fica sempre um coração

a pulsar na memória o tempo breve

de sua chama a arder um só Verão.

Do amor fica amor que se não teve.


Fica uma réstia e um rasto de navio.

Do amor o que fica é um passar

que do amor como o tempo é ser um rio

como um rio fluir e assim ficar.


E por isso de amor este arrepio

de se morrer (de se viver) de amar.



Manuel Alegre, in “Coisa Amar (Coisas do Mar)"