David Palumbo |
Habita-me tua jovem natureza
Teu corpo um poema, espantada luz,
Onde sinais inquietos se revelam,
De minhas mãos punhais te sulcam
Numa febre intermitente.
Vejo-te na forçada ausência
Numa angústia que não se dissipa
Imagino-te nas palavras sussurradas,
No olhar de uma distância indefinida,
O espaço entre a clareira e o beco
Entre teu ventre e a boca ardente.
Água aberta a todas as nascentes,
As verdes copas de alegria fremem,
Na tua simples e clara nudez,
E no meu corpo exultam raízes.
Dos pinheiros a seiva chama-me
Caldeirinha orvalhada, luares gestos,
Mãos de barro te adornam,
Nesta natura forma de querer,
Saber teu corpo respirando,
Pelas altas madrugadas do desejo.
Em minhas mãos grita teu corpo,
Línguas de fogo contra dançam,
Sinais indeléveis, fulgor intenso.
Na sombra de teus ombros, caio,
Adormeço no mar de teus olhos.
E a ausência, é só uma palavra
Recortada na maré...
Joaquim Monteiro