domingo, 20 de fevereiro de 2022

Pedro Schirato



A casa como se fosse a crisálida,

e os seus habitantes esperando - os seres

do casulo, aprendendo a vida.


Não bato à porta, para

não os perturbar, nem saber

as feições do seu rosto, o som

da sua voz, a articulação

de uma frase sem fim.


Mas o olhar que atravessa

as paredes, como o vidro transparente

da eternidade, adivinha os corpos

em volta da mesa, os brindes

que secaram nos seus copos,

os olhares cúmplices

no viço dos minutos.


E entro pela porta fechada,

juntando-me ao grupo dos que

acordam para a vida.


 Nuno Júdice