quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Karen Hollingsworth (setembro)

Quero dormir na água das palavras
que amam o silêncio
e a lentidão da luz
que é o fulgor de uma evidência indecifrável

Quero ser a concha do ingênuo sossego
de uma flor branca
como o monótono murmúrio
de uma respiração solar

Quero ser o ouvido de veludo
de um inseto azul
e quero beber a linfa do olvido
numa boca de argila
para sentir a monotonia ardente
da garganta da terra


António Ramos Rosa, Numa Folha, Leve e Livre (2013)