quarta-feira, 14 de maio de 2014



Cai amplo o frio e eu durmo na tardança 
De adormecer. 
Sou, sem lar, nem conforto, nem esperança, 
Nem desejo de os ter.  
E um choro por meu ser me inunda 
A imaginação. 
Saudade vaga, anônima, profunda, 
Náusea da indecisão.  
Frio do Inverno duro, não te tira 
Agasalho ou amor. 
Dentro em meus ossos teu tremor delira. 
Cessa, seja eu quem for!  


Fernando Pessoa, 19-1-1931