sábado, 19 de outubro de 2013



Apavorado acordo, em treva. O luar 
É como o espectro do meu sonho em mim 
E sem destino, e louco, sou o mar 
Patético, sonâmbulo e sem fim. 

Desço na noite, envolto em sono; e os braços 
Como ímãs, atraio o firmamento 
Enquanto os bruxos, velhos e devassos 
Assoviam de mim na voz do vento. 

Sou o mar! sou o mar! meu corpo informe 
Sem dimensão e sem razão me leva 
Para o silêncio onde o Silêncio dorme 

Enorme. E como o mar dentro da treva 
Num constante arremesso largo e aflito 
Eu me espedaço em vão contra o infinito.


Vinícius De Moraes