quarta-feira, 24 de julho de 2013

Birds -  Denis Oktyabr


Desde sempre parece que ele fora proposto a pássaro.
Mas não tinha preparatórios de uma árvore 
Pra merecer no seu corpo ternuras de gorjeios.
Ninguém de nós, na verdade, tinha força de fonte. 
Ninguém era início de nada. 
A gente pintava nas pedras a voz. 
E o que dava santidade às nossas palavras era a canção do ver! 
Trabalho nobre aliás mas sem explicação 
Tal como costurar sem agulha e sem pano. 
Na verdade na verdade 
Os passarinhos que botavam primavera nas palavras.


Manoel de Barros