Não é uma esperança:
é a voz de alguém clamando
sempre que espero que algum anjo fale.
Não sou ninguém, sentada neste espaço
entre os espelhos do mar e os penhascos
do coração.
(Se eu me lançasse deles, enrolada
nas tantas frases que formei na vida?)
No mar-espelho fui jogando todas
as máscaras sem olhos
que me guardavam no avesso, e me vestiam.
São delas essas mãos que agora emergem
do mar, do sonho, da memória.
e ao meu pescoço amarram suas tranças
para levar.
Lya Luft
In Mulher no palco, 1984