sábado, 11 de maio de 2013

Não é uma esperança



Não é uma esperança: 
é a voz de alguém clamando 
sempre que espero que algum anjo fale. 
Não sou ninguém, sentada neste espaço 
entre os espelhos do mar e os penhascos 
do coração. 
(Se eu me lançasse deles, enrolada 
nas tantas frases que formei na vida?) 

No mar-espelho fui jogando todas 
as máscaras sem olhos 
que me guardavam no avesso, e me vestiam. 
São delas essas mãos que agora emergem 
do mar, do sonho, da memória. 
e ao meu pescoço amarram suas tranças 
para levar.


Lya Luft
In Mulher no palco, 1984