segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Meu poema II

José Royo



meu poema
andou no fio da navalha,
voou em trapézios precários
e resistiu enquanto pode

falou quando deixaram
e também quando não se podia falar
e sangrou quando foi inevitável

meu poema
foi cúmplice de olhares
e de tantas palavras
ditas entre lençóis

se entregou a gestos de ternura
e foi violento quando provocado

meu poema
já foi tudo e foi nada

hoje ele só quer se perder
no balaio das tuas palavras


© Ademir Antonio Bacca
do livro “O grito por dentro das palavras”