José Royo |
meu poema
andou no fio da navalha,
voou em trapézios precários
e resistiu enquanto pode
falou quando deixaram
e também quando não se podia falar
e sangrou quando foi inevitável
meu poema
foi cúmplice de olhares
e de tantas palavras
ditas entre lençóis
se entregou a gestos de ternura
e foi violento quando provocado
meu poema
já foi tudo e foi nada
hoje ele só quer se perder
no balaio das tuas palavras
© Ademir Antonio Bacca
do livro “O grito por dentro das palavras”