quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Vladimir-Kush 


Não quero rosas, desde que haja rosas. 
Quero-as só quando não as possa haver. 
Que hei-de fazer das coisas 
Que qualquer mão pode colher?  
Não quero a noite senão quando a aurora 
A fez em ouro e azul se diluir. 
O que a minha alma ignora 
É isso que quero possuir.  
Para quê?... Se o soubesse, não faria 
Versos para dizer que inda o não sei. 
Tenho a alma pobre e fria... 
Ah, com que esmola a aquecerei?...  


Fernando Pessoa