quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Soneto de inspiração

 François Martin-Kavel


Não te amo como uma criança, nem 
Como um homem e nem como um mendigo 
Amo-te como se ama todo o bem 
Que o grande mal da vida traz consigo.

Não é nem pela calma que me vem 
De amar, nem pela glória do perigo 
Que me vem de te amar, que te amo; digo 
Antes que por te amar não sou ninguém.

Amo-te pelo que és, pequena e doce 
Pela infinita inércia que me trouxe 
A culpa é de te amar – soubesse eu ver

Através da tua carne defendida 
Que sou triste demais para esta vida 
E que és pura demais para sofrer.


Vinícius de Moraes