quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Dias Fantasmas

fabrizio r.


    
Não são sólidos, não são líquidos,
são uma estranha massa pastosa estes dias
sem a tua presença,
dias fantasmas que se deforma e escorrem
como aqueles objetos criados pela imaginação doentia
de Salvador Dali.

Dias de massa pastosa, que nas minhas mãos de angústia
parecem maiores, parecem sem fim,
e se distendem fora do tempo numa infinita espera.

Com suas horas fabrico imagens que se enfunam e acenam
- brancas cortinas de sombra
tocadas pelo vento...

Dias vazios . . . Em seus corredores de ermo e silêncio
nossos momentos de amor surgem a ressurgem
como fluidas visões mediúnicas
na inconsistência de sua matéria
tecida só de lembranças . . .


( Poema de JG de Araujo Jorge
do livro"A  Sós..." 1a ed. 1958 )