quinta-feira, 24 de maio de 2012



Saudade de Manuel Bandeira


Não foste apenas um segredo
 De poesia e de emoção
 Foste uma estrela em meu degredo 
 Poeta, pai! áspero irmão. 
 Não me abraçaste só no peito 
 Puseste a mão na minha mão 
 Eu, pequenino - tu, eleito 
 Poeta! pai, áspero irmão. 
 Lúcido, alto e ascético amigo 
 De triste e claro coração 
 Que sonhas tanto a sós contigo 
 Poeta, pai, áspero irmão?


Vinicius de Moraes




Resposta a Vinicius


Poeta sou; pai, pouco; irmão, mais.
Lúcido, sim; eleito, não.
E bem triste de tantos ais
Que me enchem a imaginação.

Com que sonho? Não sei bem não.
Talvez com me bastar, feliz
- Ah feliz como jamais fui! -,
Arrancando do coração
- Arrancando pela raiz -
Este anseio infinito e vão
De possuir o que me possui.


Manuel Bandeira