Gazel
De amor, criei (incriado)
este jardim secreto
de rosas fechadas em seu tédio
e espero
aquele que virá e há de decifrar
hieróglifos de ternura desenhados
pela lua em meu corpo — seu legado.
O amado pedirá em minha boca
o segredo desvendado a todas as perguntas.
Eu lhe responderei sem palavras
mas com o perigoso silêncio parecido
ao rumor da água caindo
sem cessar.
Chamo-te Amado: Amado
Com voz abstrata
Alongada no jardim onde me esqueço
Sob a lua porque verta em minha forma
O sortilégio dessa cor fantástica
Com que esperar-te
Chegas e há fugas
De sombras e silêncio eleitos
Para teu alto redor
Vais: foge contigo
Eo vento levando os últimos sons
De folhas machucadas e na relva
Meu corpo ainda iluminado
Olga Savary
imagens: Arthur Braginsky
imagens: Arthur Braginsky