Dentro da tua ausência.
Toda a loucura, todo o martírio
De uma paixão imensa.
Teu toca-discos, nosso retrato,
Um tempo descuidado...
Tudo pisado, tudo partido,
Tudo no chão, jogado.
E em cada canto
Teu desencanto, tua melancolia.
Teu triste vulto desesperado
Ante o que eu te dizia.
E logo o espanto e logo o insulto,
O amor dilacerado.
E logo o pranto ante a agonia
Do fato consumado.
Silenciosa ficou a rosa
No chão despetalada.
Que eu com meus dedos, tentei a medo
Reconstituir do nada.
O teu perfume, teus doces pêlos,
A tua pele amada.
Tudo desfeito, tudo perdido,
A rosa desfolhada.
Vinícius de Moraes