domingo, 10 de outubro de 2010

Friedrich Nietzsche, Ecce homo


 Nesse dia perfeito, em que tudo amadurece e não apenas a uva se torna escura, caiu sobre a minha vida um olhar do sol: eu olhei para trás, eu olhei para frente e jamais vi tantas e tão boas coisas de uma só vez. Não é por acaso que hoje enterrei meu quadragésimo quarto ano, eu pude enterrá-lo. – o que havia de vida nele está salvo, é imortal. O primeiro livro da Transvaloração de todos os valores, as Canções de Zaratustra, o Crepúsculo dos ídolos, minha tentativa de filosofar com o martelo... foram, todos eles, presentes deste ano, inclusive do último trimestre deste ano! Como eu não haveria de ser agradecido a minha vida inteira?... –
E assim eu me conto a minha vida.


 Friedrich Nietzsche, Ecce homo