quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Dá medo...

Ele lihuai, 1961-Chongqing, China


Dá medo... 
Das incertezas do dia seguinte
Do viver sem sentido, sem razão
Da monotonia das noites vazias
Sem esperança ou motivação

Dá medo...

De perder as palavras totalmente
E romantismo nelas não mais haver
Dos pensamentos não te alcançarem
E dos meus olhos, você esquecer

Dá medo...

De não achar refúgio nas tempestades
E nas revoltas ondas do mar dolente
Sofrer a angústia torpe de perceber
O frio cortante no seu olhar ausente

Dá medo...

De sufocado e envolvido pela culpa
O amor ser varrido totalmente
E nossos sonhos serem todos banidos
E levados de nós pelo vento quente

Dá medo...

De nossas almas fadadas ao exílio
Em cem mil dias de solidão
De lágrimas vertidas, inutilmente.
De sentir frio e vazio o coração.

Dá medo...

De no limiar da minha vida concluir
Que o anoitecer esperado foi esquecido
Que a porta sempre aberta não existiu
De nas suas madrugadas, eu nunca ter existido!

Dá medo sim!

Glória Salles