em que a música é tão distante 
e o mar rebelado; 
soubesse eu do que me esperava, 
enquanto escrevia palavras, 
com a boca a servir de paleta e pincel 
em desenhos perdidos 
em ti; 
soubesse eu do vendaval que havia de vir, 
depois daquelas horas nas quais corremos soltos 
pela relva 
na felicidade sem palavras com palavras 
de um amor desmedido; 
soubesse eu de todas as coisas 
que ainda hoje desconheço, 
e não fosse um rio a desaguar no oceano 
e não tivesse olhos glaucos e crédulos 
num corpo que navegava livremente; 
soubesse eu que certas coisas tu não sabias 
e do vasto porto mar a avistar-se de santa luzia; 
teria dado os exatos mesmos passos, 
entregues ao vermelho da paixão.    
Silvia chueire
