sexta-feira, 30 de julho de 2010

Fogueira


Queimam-se os livros e todas as palavras-fumaça
enchem-me os pulmões de mágoa.

Onde estão Allah e seus homens,
enquanto outros humanos nos tiram a alma
expondo nosso sofrimento
nas pilhas de livros retorcidos?

Ah, esta adaga cravada, a fogueira,
sem música,
sem vozes que a tristeza.
As idéias escritas a evaporarem-se
nas chamas.

Mulher que sou,
desprezo o chador,
escrevo a revolta à sombra do carvalho.
Escrever é minha vingança,
os livros a arderem, minha dor.

Silvia Chueire