domingo, 17 de janeiro de 2010

Aforismo 9 - Nossas Erupções



Há uma infinidade de coisas que a humanidade adquiriu no decurso de estágios anteriores, mas de maneira tão frágil e tão embrionária que ninguém pode perceber essa aquisição, e vêm à luz, repentinamente, muito mais tarde, decorridos séculos à vezes: ganharam força neste intervalo, amadureceram. Parece que alguns períodos, como alguns homens, faltam este ou aquele talento, esta ou aquela virtude; mas esperemos, no caso de se dispor de tempo, os netos e os bisnetos: eles trazem para a luz do dia a alma dos seus avós, esse interior do qual os próprios avós nada sabiam. Frequentemente o filho já revela o pai: este compreende a si próprio muito melhor depois que tem este filho. Todos possuímos as nossas plantações e os nossos jardins ocultos em nós; para empregar um outra metáfora, somos todos vulcões em atividade que terão sua hora de erupção: quando? Cedo? Tarde? Todos evidentemente ignoram, até mesmo Deus.

Friedrich Nietzsche