terça-feira, 14 de abril de 2009

Pulso aberto


Somos porta de entrada 
E porta de saída
Somos deusas e escravas 
Há mil gerações

Dentes afiados
No escuro de entre as pernas
Veneno na ponta da cauda
Bruxas, putas, loucas, santas

Somos as que sangram sem ferida
Donas do prazer
Donas da dor
As invisíveis
As perigosas
As pecadoras
As predadoras

Insaciáveis e geradoras
Os corpos secretas casas 
Somos seres de unhas e tetas
Caminhando aos milhares as estradas

Somos a terra e a semente
Carne de aluguel em alma de rainha
As submissas
As bacantes
As que procriam e as que não

Somos as que evitam o desastre
As que inventam a vida
As que adiam o fim

Mulher: multidão


Maria Rezende