Paul Albert Laurens |
Não creio que as mulheres sejam tão loucas a ponto de se zangarem com o que digo aqui. Sou do sexo delas, sou a Loucura; provar que são loucas não é o maior elogio que se pode fazer delas? De fato, considerando bem as coisas, não é a essa Loucura que elas devem agradecer por serem infinitamente mais felizes que os homens? Não é dela que recebem aquelas graças, aqueles atrativos, que elas têm razão de preferir a tudo, e que lhes servem para acorrentar os mais orgulhosos tiranos?
De onde vêm, nos homens, essa aparência repulsiva e selvagem, essa pele áspera, essa floresta de barba e esse ar de velhice que eles têm em todas as idades? Tudo isso vem do maior de todos os vícios, a prudência. As mulheres, ao contrário, têm a face lisa, a voz suave, a pele delicada, contínua.
Erasmo de Roterdã, Elogio da loucura