segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O Escritor e o Mago


"A incrível história de Paulo Coelho, o menino que nasceu morto, flertou com o suicídio, sofreu em manicômios, mergulhou nas drogas, experimentou diversas formas de sexo, encontrou-se com o diabo, foi preso pela ditadura, ajudou a revolucionar o rock brasileiro, redescobriu a fé e se transformou em um dos escritores mais lidos do mundo. Fernando Morais, o autor que ajudou a fundar a biografia como gênero literário no Brasil, volta sua verve investigativa para o personagem brasileiro que se converteu no grande mito de nossa história recente”.

Parece propaganda de milagre em igreja evangélica, mas essa é a sinopse oficial do novo livro de Fernando Morais, o “mago” que escreveu as biografias de Assis Chateaubriand (Chatô - O Rei do Brasil, 1994) e Olga Benário (olga, 1985)e também o memorável Na Cova dos Leões (2005), sobre a maior agência publicitária e o maior publicitário do país. Eis que o desafio agora é falar de alguem vivo, alguém que ainda está em forma, uma unimidade que na unidade é controversa. O imortal mago Paulo Coelho.



O autor comentou em entrevista que esteve a cinco metros da praia e não colocou os pés na água por nenhuma vez. Foi dessa maneira que o jornalista Fernando Morais passou um ano para escrever a história de do escritor brasileiro mais lido no mundo. “Sofri conflitos de consciência”, disse Morais. “É muito ruim biografar uma pessoa viva”.

Segundo o autor, o fato de se narrar a vida de Paulo Coelho, tendo convivido com ele por quatro anos, foi o principal desafio para escrever a história. O jornalista mudou-se para a cidade do biografado por nove meses, entrevistou mais de cem pessoas e rodou países da Europa Oriental em busca de material para sua obra. Foi a Hamburgo, na Alemanha, receber prêmios com o escritor. “Você cria um elo afetivo”, conta. “O meu principal dilema era se não estava sendo ético com uma pessoa que foi tão generosa comigo”, afirmou.

Não foram poucas as descobertas de Morais: casos de homosexualidade, satanismo, tentativa de suicídio, envolvimento com drogas, assim como com Raul Seixas e com o rock. “Era uma surpresa atrás da outra”, relata. E Paulo Coelho não fez nenhuma objeção para que o jornalista censurasse algum caso de sua vida.

O ponto mais alto na confiança entre ambos se deu quando Morais descobriu, ao ler o testamento do escritor, que ao morrer um baú com lembranças suas teria de ser incinerado. Para ter acesso ao verdadeiro “guarda-roupa”, que continha 190 cadernos e mais cem fitas cassete de diários dos 10 aos 50 anos da vida de Paulo Coelho, Morais teve de responder a uma pergunta do escritor: “Quem foi o militar que o torturou em agosto de 1969, no Paraná, em plena ditadura?” Seu nome: Índio do Brasil Lemes. Era a chave para o livre acesso ao material, que mudou completamente o livro. “Joguei 200 páginas fora”, afirmou Morais.

Críticas a Paulo Coelho

Um dos pontos que mais chama a atenção da matéria sobre o lançamento da obra, é onde o autor clama em defesa de seu biografado. Na entrevista, o Morais respondeu às críticas à obra de Paulo Coelho. “Esse olho torto para a obra do Paulo você só encontra no Brasil.” Para Morais, o motivo é o “sentimento rasteiro, baixo, de inveja”. O escritor mineiro espera que seu livro ajude a entender melhor o trabalho de Paulo Coelho.


Nada falou-se sobre a ascensão de Coelho ao circuito de elite dos escritores brasileiros, como sua cadeira na ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ou sobre sua eterna busca por best-seller onde há, convenientemente, uma grande busca por público-leitor, mas isso são fatos que não serão revelados em entrevistas, mas sim apenas lendo a obra do escritor, que já é um dos grandes trabalhos literarios brasileiros dos últimos tempos.

Baseado na matéria publicada no portal Comunique-se.