sábado, 13 de abril de 2024

 


Nada passa, nada expira

O passado é

um rio que dorme

e a memória uma mentira

Multiforme

Dormem do rio as águas

e em meu regaço dormem os dias

dormem

dormem mágoas

as agonias,

dormem.

Nada passa, nada expira

O passado é

um rio adormecido

parece morto, mal respira

acorda-o e saltará

num alarido.


José Eduardo Agualusa, em “O Vendedor de Passados”