sábado, 13 de abril de 2024

As palavras se movem, a música se move




Apenas no tempo; mas só o que vive

Pode morrer. As palavras, após a fala, alcançam

o silêncio. Apenas pelo modelo, pela forma,

As palavras ou a música podem alcançar

O repouso, como um vaso chinês que ainda se move

Perpetuamente em seu repouso.

Não o repouso do violino, enquanto a nota perdura,

Não apenas isto, mas a coexistência,

Ou seja, que o fim precede o princípio,

E que o fim e o princípio sempre estiveram lá

Antes do princípio e depois do fim.

E tudo é sempre agora. As palavras se distendem,

estalam e muita vez se quebram, sob a carga,

Sob a tensão, tropeçam, escorregam, perecem,

Apodrecem com a imprecisão, não querem manter-se no lugar,

Não querem ficar quietas. Vozes estridentes,

Irritadas, zombeteiras, ou apenas tagarelas,

Sem cessar as acuam. A Palavra no deserto

É mais atacada pelas vozes da tentação,

A sombra soluçante da funérea dança,

O clamoroso lamento da quimera inconsolada.


Words move, music moves

Only in time; but that which is only living

Can only die. Words, after speech, reach

Into the silence. Only by the form, the pattern,

Can words or music reach

The stillness, as a Chinese jar still

Moves perpetually in its stillness.

Not the stillness of the violin, while the note lasts,

Not that only, but the co-existence,

Or say that the end precedes the beginning,

And the end and the beginning were always there

Before the beginning and after the end.

And all is always now. Words strain,

Crack and sometimes break, under the burden,

Under the tension, slip, slide, perish,

Decay with imprecision, will not stay in place,

Will not stay still. Shrieking voices

Scolding, mocking, or merely chattering,

Always assail them. The Word in the desert

Is most attacked by voices of temptation,

The crying shadow in the funeral dance,

The loud lament of the disconsolate chimera.


T.S. Elliot, in: Burnt Norton

“Four Quartets”.