A necessidade de ter a realidade confirmada e a experiência realçada por meio de fotografias é um consumismo estético no qual toda a gente está agora viciada. As sociedades industriais transformam cidadãos em viciados na imagem; é a forma mais irresistível de poluição mental. Pungentes anseios de beleza, de um desígnio a sondar sob a superfície, de uma redenção e celebração do corpo do mundo — todos esses elementos do sentimento erótico são afirmados no prazer que temos com as fotografias. Mas também se expressam outros sentimentos menos libertadores. Não seria errado falar de pessoas que têm uma compulsão de fotografar, de fazer da própria experiência uma forma de ver. Em última análise, ter uma experiência torna-se equivalente a tirar uma fotografia dela e participar num evento público torna-se cada vez mais equivalente a vê-lo na forma fotografada. O mais lógico dos estetas do século XIX, Mallarmé, disse que tudo no mundo existe para acabar num livro. Hoje, tudo existe para acabar numa fotografia.
Susan Sontag