domingo, 11 de dezembro de 2022


 É natural que eu lhe tenha dito depois de nos termos amado — ou enquanto nos amávamos: estamos no paraíso. Com palavras, com um olhar escavado, com o sexo pulsando dentro dela. Mas depois fui expulso, todos os dias a exclusão, a expulsão. O exílio. Os outros a entrarem dentro de nós, pela memória e pelo desejo surdo, e a separarem-nos um do outro. Ele existe, o paraíso, mas está sempre no fio da navalha ou ao fim do corredor. Seja no corpo ou na palavra. Quem não enlouquece?

Casimiro de Brito