quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Caravelas


Cheguei a meio da vida já cansada

De tanto caminhar! Já me perdi!

Dum estranho país que nunca vi

Sou nesse mundo imenso a exilada.


Tanto tenho aprendido e não sei nada

E as torres de marfim que construí

Em trágica loucura as destruí

Por minhas próprias mãos de malfadada!


Se eu sempre fui assim este Mar morto:

Mar sem marés, sem vagas e sem porto

Onde velas de sonhos se rasgaram!

Caravelas doiradas a bailar...


Aí quem me dera as que eu deitei ao Mar!

As que eu lancei à vida, e não voltaram!..


Florbela Espanca