sexta-feira, 18 de novembro de 2022

VIAGEM NO TEMPO




Percorro a casa. Os claros

espaços dos antepassados.


As vigas. Os caibros. As telhas.

As vértebras das teias


de aranha. Por aqui

as serpentes dos pântanos


deixaram fragmentos

de astúcia e morfina.


Vestígios de borboletas

mortas vivem nas gavetas.


Dos ponteiros do relógio

pingam as gotas das horas.


Por todos os cantos

da casa a memória sangra.


Francisco Carvalho