Aprendi a viver com simplicidade, com juízo, a olhar o céu, a fazer as minhas orações, até ter esgotado esta angústia inútil.
Enquanto no penhasco murmuram as bardanas e declina o alaranjado cacho da sorveira, componho versos bem alegres, sobre a vida caduca, caduca e belíssima. Volto para casa. Vem lamber a minha mão o gato peludo, que ronrona docemente e um fogo resplandecente brilha no topo da serraria, à beira do lago.
Só de vez em quando o silêncio é interrompido pelo grito da cegonha batendo no telhado
Se vieres bater à minha porta
é bem possível que eu sequer te ouça.
Anna Akhmatova