chico buarque
e leva, por bagagem, o meu no teu sentir.
e quando eu for sorrir, ou for dizer bobagem,
que seja a minha imagem, a imagem que é de ti.
tu ficas por aqui — embora de viagem —
em mim, feito bandagem, na pele a me cobrir.
e eu faço coincidir — perfeita camuflagem —
meu corpo e tua linguagem, num doido possuir.
eu quero é te curtir! e ser teu personagem
dessa longa-metragem, só para te aplaudir.
eu vou me colorir com a tua maquiagem,
fazer tua dublagem sem fala a traduzir.
começo a te despir — e, a mim, tu, de passagem —
e eu (de sacanagem) assim te revestir:
com o beijo mais selvagem, nas cores da celagem
e delas me vestir.
e para concluir, te quero por blindagem
na máxima dosagem que a pele permitir.
e sem te resistir, me entrego à tua flambagem,
pra ter-te em tatuagem enquanto eu existir.
Antoniel Campos