quarta-feira, 29 de junho de 2022

Filhos do mar


Daniel Gerhartz 


Somos do mar e ao mar regressaremos

quando passarem todos esses anos.

Nossas mãos são vestígios desses remos

de argonautas de antigos oceanos.


Somos do mar, das conchas, dos sargaços.

O mar nos rememora e nos inventa.

Ao mar estão ligados nossos braços

como se fossem restos de placenta.


Somos do mar, dos ventos, das procelas

dos bons augúrios, dos momentos maus.

Nossos corpos são mastros ou são velas

singrando as rotas de perdidas naus.


   Somos do mar e ao mar, que nos inventa,

   nos ligam seios, restos de placenta.


Francisco Carvalho