Últimos dias de aula. Eduardo, Mauro e Eugênio (um rapaz franzino, pálido e de olhar vivo, que viera transferido de outro colégio) conversavam no corredor sobre a vida que iam enfrentar lá fora, o destino que os esperava. Resolveram, os três, assumir um compromisso: qualquer que fosse o caminho que eles tomassem, vinte anos depois voltariam a reunir-se ali, naquele lugar.
— Vinte, não: quinze — objetou Eduardo: — Vou morrer antes disso.
— Então quinze — concordaram os outros dois, sem se importar que ele morresse. Onde estivessem, acontecesse o que acontecesse.
— Neste mesmo lugar.
— Mesmo que tenham derrubado o Ginásio, nos encontraremos no lugar onde havia o Ginásio.
Marcaram data certa, dia e hora, cada qual escreveu num papelzinho.
— Quem faltar, é porque morreu.
— Ou então está preso...
— Só não pode esquecer...
Calaram-se, e ficaram pensando...
— Que será de nós? — perguntou um deles, distraído.
Que seria deles? Não sabiam, e não se incomodavam.
Fernando Sabino, O Encontro marcado