quinta-feira, 28 de abril de 2022



Últimos dias de aula. Eduardo, Mauro e Eugênio (um rapaz franzino, pálido e de olhar vivo, que viera transferido de outro colégio) conversavam no corredor sobre a vida que iam enfrentar lá fora, o destino que os esperava. Resolveram, os três, assumir um compromisso: qualquer que fosse o caminho que eles tomassem, vinte anos depois voltariam a reunir-se ali, naquele lugar. 

— Vinte, não: quinze — objetou Eduardo: — Vou morrer antes disso. 

— Então quinze — concordaram os outros dois, sem se importar que ele morresse. Onde estivessem, acontecesse o que acontecesse. 

— Neste mesmo lugar. 

— Mesmo que tenham derrubado o Ginásio, nos encontraremos no lugar onde havia o Ginásio. 

Marcaram data certa, dia e hora, cada qual escreveu num papelzinho. 

— Quem faltar, é porque morreu. 

— Ou então está preso... 

— Só não pode esquecer... 

Calaram-se, e ficaram pensando... 

— Que será de nós? — perguntou um deles, distraído. 

Que seria deles? Não sabiam, e não se incomodavam. 


Fernando Sabino, O Encontro marcado