quinta-feira, 28 de abril de 2022

Psicologia do Inconsciente


Muitas vezes me perguntam: Por que o conflito erótico é a principal causa das neuroses? A isso só podemos responder: Ninguém afirma que deve ser assim, mas que simplesmente é assim. Apesar de todos os protestos indignados em contrário, o fato é que o amor, seus problemas e conflitos, se mostra de uma importância fundamental na vida humana e, como revela uma pesquisa cuidadosa, tem um significado muito maior do o indivíduo imagina. [...] 

Os dramas mais impressionantes, e os mais excêntricos, não são desempenhados no teatro, mas no coração dos homens comuns, pelos quais passamos sem prestar atenção e que, no máximo, mostram ao mundo, através de um colapso nervoso, as batalhas que se desferem em seu íntimo. 

Além disso, o que é mais difícil para a compreensão dos leigos é que, em geral, os doentes não têm qualquer pressentimento da batalha que se trava em seu inconsciente. Se considerarmos, no entanto, o número de homens que nada sabem acerca de si mesmos, não devemos nos admirar de que também haja os que nada pressintam acerca de seus verdadeiros conflitos. Se leitor estiver inclinado a admitir a possível resistência de conflitos patogênicos, eventualmente oriundos do inconsciente, então protestará contra o fato de que se trata de um conflito erótico. E se for propenso ao nervosismo, poderá irritar-se contra este absurdo aparente; pois fomos acostumados pela educação recebida em casa e na escola a persignar-nos três vezes diante de palavras tais como "erótico" e "sexual". Consequentemente pensamos que não há nada disso ou que, pelo menos, se trata de algo raro ou longínquo. E no entanto os conflitos neuróticos daí procedem, em primeiro lugar. 

 Carl Gustav Jung